Como pais queremos que os nossos filhos sejam inteligentes e aprendam a ler, a escrever, a fazer contas e a compreender o ambiente que os rodeia. No entanto, para serem adultos bem-sucedidos, tão importante quanto a inteligência cognitiva, é a inteligência emocional. Neste artigo vamos dar-lhe 7 dicas para ensinar os seus filhos a reconhecerem a expressarem as suas emoções de uma forma saudável.
O que é a inteligência emocional?
O conceito de inteligência emocional foi popularizado por Daniel Goleman na década de 1990. É a capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e dos outros, de nos motivarmos e gerirmos as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos.
Vários estudos demonstram os benefícios da inteligência emocional (IE):
- Crianças com níveis mais elevados de Inteligência Emocional tiveram melhor rendimento escolar, pois há uma co-relação entre inteligência emocional e cognitiva;
- Melhores relacionamentos. As crianças com competências de inteligência emocional conseguem gerir melhor os conflitos e desenvolver relações de amizade mais duradouras;
- Saúde mental. As pessoas com maior inteligência emocional apresentaram menor probabilidade de desenvolver depressão e outros problemas de saúde mental.
Segundo Goleman, crianças com competências de IE têm mais autoestima e autoconfiança, conseguindo tomar decisões e comprometer-se com metas e objetivos. Para o especialista, como a neuroplasticidade molda o cérebro de acordo com a repetição de experiências, práticas regulares e sistemáticas podem ajudar a trabalhar o autoconhecimento, a empatia e a relação com os outros. Assim, cabe aos pais e à escola ajudar as crianças e jovens a focarem-se nessas competências, para que no futuro sejam adultos bem-sucedidos.
Os 5 pilares da inteligência emocional
Goleman refere cinco habilidades-chave da inteligência emocional e mostra como elas determinam o nosso sucesso nos relacionamentos, no trabalho e até no bem-estar físico.
- Autoconhecimento: conhecimento sobre o que se sente, sobre os próprios impulsos e fraquezas. É a base para uma boa intuição e tomada de decisão, bem como uma “bússola moral”.
- Autorregulação: capacidade de controlar e gerir respostas e não reagir apenas por impulso, ou seja, cuidar das emoções de forma que não sejam prejudiciais para a pessoa ou para a situação.
- Automotivação: capacidade de dirigir as emoções ao serviço de um propósito ou realização pessoal, sentindo-se motivado para encontrar meios para atingir os seus objetivos.
- Empatia: capacidade de compreender as emoções e colocar-se no lugar do outro. Isto permite maior sintonia com o mundo envolvente.
- Competências de relacionamento: capacidade para se relacionar melhor, comunicando de forma clara e atenta à postura do outro. Facilita nos encontros sociais.
Dicas para contribuir para o desenvolvimento emocional dos seus filhos
- Incentivar a comunicação das emoções
Estimule o seu filho a falar sobre as suas emoções, sejam boas ou más. Oiça-o com atenção e mostre-lhe que pode partilhar o que sente sem medo, o que se passa no seu dia-a-dia, as conquistas e os desafios. Às vezes passamos a ideia de que é mau sentir-se sentimentos negativos, como tristeza, inveja ou raiva. Diga-lhe que é perfeitamente normal e que todos temos emoções que por vezes não gostaríamos de ter, mas que fazem parte. As crianças cujos pais falam com elas sobre os seus sentimentos desenvolvem uma inteligência emocional mais robusta e ficam mais aptos a identificar e a compreender os seus próprios sentimentos e os dos outros.
- Respeite a sua forma de se expressar
Respeite as emoções do seu filho. Cada pessoa tem a sua forma própria de sentir e se exprimir. Um veículo que potencia a aprendizagem das emoções é arte. Por que não incentivá-lo a pintar, desenhar, participar de um grupo de dança, teatro ou música? Essas interações são essenciais para que o se filho se descubra enquanto indivíduo e desenvolva as próprias relações com outros. Ou talvez as suas crianças prefiram frequentar uma modalidade desportiva. Muitas vezes o desporto é uma forma de expressarem as suas emoções, de experimentarem frustração ou alegria e entusiasmo e de estabelecerem relações com os seus pares.
- Trabalhar a resiliência
Todos os pais têm o ímpeto de lutar as batalhas dos seus filhos, para poupá-los ao máximo de decepções e sofrimentos. Mas na realidade essas decepções e a capacidade de superá-las são justamente os tijolos que constroem a capacidade de ser resiliente perante as frustrações da vida. Portanto, apoie os seus pequenos, mas não tente resolver os seus problemas. Deixe que tenham alguma autonomia e resiliência, o que os tornará mais forte para enfrentar os desafios quotidianos.
- Ajude a identificar as emoções – as suas e dos outros
Atividades lúdicas podem ser feitas com as crianças para que elas aprendam a identificar expressões faciais de alegria, ansiedade, cumplicidade, medo, raiva, tristeza, etc. Pode mostrar diferentes figuras de expressões faciais para que o seu filho aprenda a identificar os sentimentos do outro. Ou elaborar uma lista de emoções e pedir que ele faça um pequeno teatro, representando cada uma delas. Outra ideia é colocar-se com o seu filho à frente do espelho e fazer caretas, enquanto diz “Estou feliz” ou “Estou com medo” e mostrar as reações dessa emoção no seu rosto. Brincar com fantoches e bonecos, num pequeno teatro improvisado, também ajuda as crianças a perceber as emoções.
- Deixe-os expressar os seus sentimentos
Não retraia os seus filhos quando expressarem os seus sentimentos. Há crianças que são mais extrovertidas, outras introvertidas. Em qualquer um dos casos, é fundamental estar aberto a falar sobre os sentimentos, e ouvir o seu filho quando ele quiser contar algo e estar presente, apoiando-o em momentos de dúvida. Permita à criança expressar as emoções. Não se deve dizer “Não chores”, mas sim “Se tens necessidade de chorar, chora”. O choro é uma forma de pedir ajuda.
- Valorize o seu esforço
Se o seu filho está desmotivado com o seu desempenho, ou para enfrentar um desafio mostre-lhe a necessidade de se superar, valorizando o seu esforço acima das suas capacidades. Dê-lhe os parabéns pelo seu empenho e esforço em vez de se focar nos resultados.
- Estimular a empatia pelo outro
Empatia é a capacidade de compreender a dor do outro, de se colocar no seu lugar. Mesmo que as crianças estejam sobretudo centradas em si próprias, é importante promover troca de experiências (um intercâmbio cultural, trocar de funções temporariamente com alguém, imaginar como é que determinada pessoa numa situação difícil se está a sentir e se podemos fazer algo para a ajudar).
Com o seu exemplo e orientação, os seus filhos vão desenvolvendo inteligência emocional desde os primeiros anos de vida, e incorporando-a nas suas atitudes. O uso eficaz das emoções permite que a criança ganhe um maior controlo sobre os seus impulsos, ajudando-a a ser menos agressiva e mais sociável. Ao comunicar de forma mais adequada o seu estado emocional, irá estabelecer relações mais saudáveis ao longo da sua vida, com base no respeito e na assertividade.