ansiedade no regresso às aulas

Ansiedade no regresso às aulas: como ajudar os seus filhos a lidar com a emoção número 1

Esta é a semana começa o ano letivo 2021/2022 em Portugal e paira uma determinada ansiedade no regresso às aulas algumas crianças sentem o nervosismo próprio de uma nova etapa. Mas muitas sentem uma enorme ansiedade no regresso às aulas, porque prefigura uma mudança nas suas vidas (mudança de ano, de ciclo, de ambiente escolar) e a situação da pandemia veio trazer ainda maior stress neste regresso às salas de aula. 

Segundo um estudo realizado pela Celside Insurance, empresa de seguros para telemóveis e dispositivos multimédia, em parceria com a Boutique Research, especialista em estudos de mercado e de opinião, 80% dos portugueses considera que este ano letivo será melhor que o anterior, marcado por confinamentos, isolamentos profiláticos, aulas à distância e dificuldades acrescidas de aprendizagem. O estudo indica que 9 em cada 10 pais manifesta alguma preocupação em relação ao regresso à escola. O receio de que voltemos a um novo confinamento lidera as preocupações (43%), seguido do receio de que os filhos possam trazer o vírus para casa (16%), mas também o receio de que os filhos não possam acompanhar as aulas se tiverem que ficar em isolamento (15%) e a apreensão relativamente ao convívio de alunos sem máscara (13%). Isto reflete que a ansiedade no regresso às aulas não só se manifesta nos alunos, como também nos seus pais.

Como ajudar os mais novos a lidarem com a ansiedade do regresso às aulas nestes tempos particularmente desafiantes? Neste artigo vamos dar algumas pistas.

Prestar atenção aos sinais de ansiedade no regresso às aulas

ansiedade no regresso às aulas
ansiedade no regresso às aulas

Mais do que a preocupação com a colocação da máscara, a utilização de gel de base alcoólica e seguir a etiqueta respiratória, os pais e cuidadores devem procurar auscultar o que não se vê. Embora os mais pequenos não percebam os riscos associados à covid-19, podem ser afetados pela forma como os pais e cuidadores lidam com a situação da pandemia. Dificuldade em adormecer ou comer, falta de confiança e maior irritabilidade no seu dia-a-dia são alguns dos sinais. Já os mais crescidos podem desenvolver sintomas de ansiedade no regresso ao espaço escolar, manifestando apreensão no contacto com colegas, professores e pessoal auxiliar. Tome atenção aos sinais dos seus filhos, que podem ir desde falta de confiança para experimentar novas coisas, dificuldades de concentração ou de relacionamento interpessoal, até fobias. A ansiedade no regresso às aulas também se pode traduzir em querer evitar atividades sociais no geral, e até ir para a escola se pode tornar numa experiência turbulenta.

Para as crianças que já tinham alguma timidez e dificuldade em relacionar-se com os outros, a pandemia ainda veio trazer dificuldades acrescidas, devido à imposição do distanciamento social, utilização de máscara, impossibilidade de partilhar objetos com os colegas e ausência de eventos sociais. É importante que as crianças e jovens saibam que é normal ter várias emoções, por vezes um turbilhão de emoções dentro de si. Seja medo, frustração ou ansiedade. Enfatize que se apercebe do que eles sentem e que não há problema em experienciarem sentimentos desconcertantes e desconfortáveis. Irá ajudá-los a se sentirem mais seguros e compreendidos.

Escuta ativa e apresentar factos

É importante escutar os seus filhos e transmitir-lhes segurança e serenidade. No caso das crianças mais novas, utilize recursos visuais como histórias, bonecos, vídeos e mostre-lhes que é divertido lavar as mãos, usar uns sapatos só para o interior do jardim de infância ou escola, e usar máscara em contexto apropriado, para se manterem seguros. 

Um grupo um pouco mais difícil são os adolescentes. Por vezes fecham-se em copas e não exprimem as emoções nem falam com os pais sobre o que os preocupa. Experimente ouvir e fazer questões abertas e evitar respostas duras ou críticas. Quanto ao risco de contágio e infeção, explique que a infeção por Coronavírus geralmente é leve, especialmente em crianças e jovens e a maioria dos sintomas podem ser tratados. 

A vacinação em Portugal também está a ser um sucesso, pelo que as perspetivas para o regresso às aulas são otimistas. Portugal está a poucos dias de se tornar no país mais vacinado do mundo. Neste momento, mais de 79% da população já tem a vacina completa e 7% aguarda a segunda dose. Mais de 92% da população com mais de 25 anos já está vacinada, e em breve será a vez dos mais jovens. 

Ainda que os seus filhos vão para o mesmo ambiente escolar, há sempre mudanças. A melhor forma de lidar com esta ansiedade é conversando, escutando os seus medos e receios, e em conjunto encontrarem possíveis soluções.

Rotinas e atividades 

Criar uma rotina ajuda os mais novos (e os mais crescidos!) a terem a sensação de controlo e segurança. Nas férias, a hora de adormecer e acordar são sempre adiadas para horários mais tardios. Mas como a ‘reprogramação’ dos ciclos de sono não se faz de forma imediata, é conveniente na semana antes do início das aulas começar a preparar-se para os novos horários de escola. O mesmo é válido para os horários das refeições.  

Apesar das normas de distanciamento social, muitos psicólogos e médicos apontam para a importância de retomar atividades físicas e sociais de modo a mitigar a ansiedade no regresso às aulas. As crianças devem ser incentivadas a fazer desporto, praticar mindfulness e exercícios de respiração, dar passeios na natureza a pé ou bicicleta, ter um novo passatempo, cozinhar em família ou envolver-se num projeto artístico ou musical. Isto ajuda a fortalecer as ligações com os pais e a promover a saúde mental e física das crianças.

Preparação e envolvimento 

Caso o seu filho vá para uma nova escola que ainda não conhece, antes do primeiro dia de aulas, organize uma visita para o familiarizar com o novo espaço. Depois da visita fale com ele sobre o que sentiu, quais as suas expetativas e eventuais receios. 

Envolva também os seus filhos na compra do material escolar, faça-se acompanhar por eles quando for comprar livros escolares, cadernos e materiais. Como forma de contribuir para a literacia financeira na prática, se puderem estabelecer um valor máximo para o orçamento, ótimo! Converse com os seus filhos para saberem que há um limite, mas que podem ter alguma liberdade de escolha. Elaborem também uma lista de tudo o que será necessário. Evita deste modo uma derrapagem no orçamento e gastar dinheiro em coisas que afinal já tinham e estavam esquecidas numa gaveta lá por casa! E impede que a criança faça birras ou fique desiludida porque queria muito o caderno xpto e afinal você lhe comprou uns cadernos de marca branca. O seu envolvimento no processo torna-a mais compreensiva e co-responsável.

Lembre aos seus filhos que é um momento especial das suas vidas e que são privilegiados por poderem frequentar a escola, mas sem correrias, nem stress ou ansiedade. O regresso às aulas, como todo o ano letivo, deve proporcionar-lhes sentido de responsabilidade, mas também alguma diversão. Bom ano letivo!  


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